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Breve prosa sobre os mapas: caminhos de mim mesma.

sementeirascontato

Atualizado: 20 de jun. de 2022

Sempre gostei de mapas, sou daquelas que desejava ter vários quadros de diversos mapas pregados na parede. Mas nunca tive paredes pra isso, porque nas minhas andanças tinha apenas um quarto que me acolhia e agora, uma casinha pequenina que se eu ousar colocar um mapa em suas paredes, é capaz que eu me perca buscando caminhos a serem descobertos dentro de casa, e não consiga chegar da sala à cozinha.


Mas fiquei maravilhada quando ganhei do meu irmão um globo terrestre. Quando olho para ele, é como se a possibilidade de chegar em cada cantinho, fosse mais próxima. Como se o fato de saber da dimensão de um local, me concretizasse a ideia de passar por ele.


Em contrapartida, o mesmo olhar me gera um desespero ao ver que são tantos cantinhos que seria impossível engolir o mundo todo, e essa talvez seja a boniteza angustiante da vida, nem tudo podemos saber, e aceitar isso é um alívio.


Assim, também funciona com um mapa energético de nós mesmas, o que também chamamos de mapa astrológico chinês. Em nosso ser energético, temos várias qualidades de energia ou sopros, como mais gosto de chamar.


Nada é fixo, a energia se movimenta constantemente. Aliás, se há algo que é constante é a mudança, essa é a única certeza da estabilidade.


Nossos sopros não são fixos, estão em constante transformação, assim como um mapa que nunca está pronto.


Quando damos a volta e olhamos pela segunda vez, já se abriu alguma estrada nova, ou há um caminho de terra que nem consta nesse mapa… Ou um rio que acabou de nascer, uma cidade que foi tomada por água ou um vulcão que acaba de criar uma nova ilha, entre tantas outras possibilidades a partir das quais a natureza nos permite renovar.


Quando observo um mapa, percebo inúmeros caminhos para seguir e isso me enche de curiosidade.


Às vezes, caminhos que me levam a lugares desconhecidos, outros que me levam a um mesmo lugar, porém passando por vias e cidades completamente diferentes.


Me encanta a quantidade de tipos de mapas, desde mapas físicos (geomorfológicos, hidrográficos, climáticos), políticos, demográficos, históricos, econômicos, sobre a vegetação entre tantas outras camadas que podemos acessar de assuntos diversos sobre o mesmo local. Como tantas são as nossas qualidades e possibilidades em diversos temas de nós mesmas.


E é exatamente essa possibilidade de sempre descobrir camadas, assuntos, caminhos, curvas, qualidades novas sobre nós e o espaço-tempo que vivemos que me fascinam quando penso na leitura de um mapa do planeta terra ou da minha terra-corpo energética, emocional, mental, físico, espiritual.


Analisar um mapa é um processo de perguntas e descobertas de si mesma, que nunca acaba. Quando acabarem as perguntas, talvez a vida se estanque. Enquanto houver perguntas, haverá movimento.


Ter respostas para tudo é chato demais. A não ser que a resposta exista para gerar outra pergunta! E da pergunta uma resposta, e da resposta, nova pergunta…

Somos um mapa de perguntas e um bocadinho mais. Será?


Uma busca de caminhos que podem ser tão variados quanto a capacidade de se reconfigurar da terra, mas que ao olhar para aquela via, posso me orientar sobre alguma trilha ou circunstância que desejo seguir, sem a garantia de como será essa viagem, muito menos se chegarei no cantinho que imaginava. Já que nem sempre o que imaginamos é exatamente como é.


Afinal, até mesmo quando já conhecemos um local e a estrada que chega até ele, sempre é um novo local em um tempo distinto, e assim, uma nova vivência.


Tampouco saberemos se nesse dia haverá chuva ou um novo restaurante mineiro com cheirinho de café e pão de queijo, até porque nem todo trem bão corre em Minas Gerais.


Mas sem dúvida, estudar um mapa de mim mesma, me dá a clareza, não de onde vou chegar, mas de que forma e por onde desejo ir, principalmente, quando meus sentimentos são o carro que me transportam.


Através dessa prosa é que explico o porque me encantam os mapas sejam de papel ou energético, astrológicos.


E é assim que olho para eles quando proponho uma leitura de um mapa: uma descoberta de caminhos de mim mesma.




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