Astrologia chinesa e seus animais.
Cavalo
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Quantos cantos tem o mundo?
Quantos rumos e estradas?
A que velocidade preciso correr,
Pra que minh’alma se faça alada
E eu chegue a espaços sem fim?
Quando o meu peito arde dentro
Minha calma é o movimento
Minha calma, meu alento
É correr aos quatro ventos
Como quem foi gestado livre.
E livre será !
Como os raios de sol ao meio dia
Que se expandem, se expandem
Em perfeita harmonia
Com a necessidade dos viventes
De uma gota de luz
Que caia cálida no peito, toque o rosto
Acaricie a pele, anunciando
Que um instante de amor
Descerá a todos sobre belas crinas,
Velozes patas e asas feitas do ideal mais sincero.
O Cavalo é o animal emblemático que por excelência representa o Fogo, a energia Yang, a luminosidade. Está ligado ao sol alto do meio dia, seu horário é entre 11h e 13h, o sol pleno. Nesse horário rege o Coração.
O Coração para a Medicina Tradicional Chinesa é um órgão muitíssimo espiritual, ele é o responsável por receber e resguardar o Espírito quando nascemos e por toda a vida, também é o responsável por equalizar todos os sentimentos que passam por nós e nos transformam, é uma grande sede de processamento das forças espirituais, emocionais, sensíveis.
Por isso também é um centro de sabedoria e discernimento.
Por sua relação com o Coração e com o Fogo de um modo geral o Cavalo tem uma sensibilidade muito especial, além de uma ligação profunda com os ideais. São os ideais que movem o Cavalo, são eles que guiam seus movimentos e sem eles, costumam adoecer. Movimento também é uma de suas necessidades, tem neles muito movimento físico, uma ânsia de correr os quatro cantos do mundo, conhecer todas as suas direções.
Como tem em si tanta força física, tanta luz, tantos ideais, não conseguem ficar parados, se movem muito, para não morrer de tédio. Movem-se fisicamente, movem-se no plano das ideias, movem-se nas emoções. Eles são a força que nos recorda que é necessário e fundamental mover, andar, caminhar, deslocar. Todo esse movimento vem nos recordar, por fim, que é fundamental viver em liberdade.
A liberdade é a virtude maior dos Cavalos, o que significa que eles vêm nos recordar da mesma e simultaneamente vão se recordando também. Eles têm uma memória ancestral e de coração de como seríamos todos, todas e todes se de fato fôssemos livres, inclusive ele e passa os dias buscando esse instante, esse estado de liberdade. Nesse processo pode ser também muito impaciente, tanto com as prisões que cada pessoa constrói para si quanto com as próprias prisões que ele construiu.
Fisicamente é um animal emblemático de muita força, assim como o coração com a força de sua musculatura, a sensibilidade do cavalo, sua fragilidade está a nível emocional. Ele tem uma sensibilidade tão grande, tão intensa que não pode evitar sentir. Sente, recebe e manifesta todos os sentimentos, seus e das outras pessoas. Perto de um Cavalo não há o que fique oculto.
E como é muito sensível um dos seus cuidados mais fundamentais com a saúde é a nível de saúde mental, ele necessita de recursos para resguardar e proteger sua saúde mental, para custodiar suas emoções, para restaurar seus sentimentos e emoções cotidianamente.
Cabra
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Feita de madeira oca, precisamente tratada.
Belamente entalhada.
Precisamente cuidada,
com perfeitos furos por onde adentra a luz do sol.
Por onde também passa o vento e faz seu canto.
O canto do vento é um detalhe
uma beleza,
um alento.
O canto do vento é uma autoridade
uma bondade,
um sustento.
Descobrir o sustento do ar
Redescobrir a empatia de amar
E amar, amar, amar
Até que os quatro cantos
Conheçam o encanto desta arte
Ser Cabra é só uma parte do amor do-ar.
A Cabra é o animal emblemático que sucede o Cavalo, que vem logo depois de todo o Fogo, que guarda consigo a memória do movimento, da expressão e da liberdade. Ela conduz a liberdade a sua expressão máxima que é o amor. Nela o dom e a dor da empatia. Não pode passar sem sentir, não consegue deixar de se afetar, sempre está no mundo e no mundo está de peito aberto.
O horário que rege a Cabra é entre 13h e 15h, esse que tem a força do Intestino Delgado. O Intestino Delgado há muito tempo deixou de ser visto como um simples órgão do sistema digestivo e passou a ser compreendido como um órgão fundamental na manutenção da homeostase corporal, do estado de ânimo e bem estar, da saúde física e psíquica.
Ele é importante quando pensamos em produção de serotonina, em regulação das emoções, dos sentimentos e sensações e também na regulação do trânsito intestinal. A Medicina Chinesa já fala dessas funções há 5 mil anos, ao considerá-lo um protetor do Coração e do mundo emocional.
A Cabra carrega consigo essa força e essa sina, é um Animal Emblemático empático, capaz de sentir o que os outros sentem, capaz de se misturar com os sentimentos dos outros ao ponto de quase fazê-los seus. Por essa razão, aqui estão seu dom e sua dor, o dom de saber acolher, ajudar, alentar também é a dor de muitas vezes não conseguir se separar, saber de si, se cuidar.
Há que afinar a membrana semipermeável das emoções, aprender cotidianamente o que entra e o que não pode entrar, o que sai e o que tem que ficar, trabalho caprino de todo dia.
Falar em trabalho para a Cabra é também falar em arte, esse é seu recurso de transformação do mundo, de ocupação do mundo e de presença. A arte caminha com a Cabra, de mãos dadas. Em qualquer canto e a todo instante, é uma necessidade, um fundamento de sua estância.
Ela também tem uma relação profunda com o Pulmão, com ele aprende a captar e viver do alimento celeste, o ar. E mais do que o ar, a inspiração. Ela vive de se inspirar, quando expira é beleza. É uma natureza bonita de buscar iluminar o mundo, transformar a dor… é importante saber que em geral não correm ou fogem da dor, pelo contrário, no ímpeto de transformar a busca, sobretudo as dores ao redor. Catadores. Uma cata-dores, caça-dores que necessita sempre lembrar que não precisa carregar toda a dor do mundo em suas costas, ou fica muito pesado.
Também precisa recordar que há uma dor que ninguém mais pode carregar e tampouco transformar que é a dela própria e somente ela é a alkimista capaz de transmutá-la.
Macaco
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Uma densa floresta de ramagens extensas, galhos, folhas, flores, frutos para todos os lados. De cima até embaixo, ramagens por onde se pendurar, saltar, esticar, virar de ponta cabeça.
Em terra entra pouca luz, faz-se o úmido e sombreado solo de mata com ramagem espessa. No centro, muitos galhos, muitas possibilidades de se deslocar. No alto, o mais alto, quase chega a tocar as nuvens, mas é como um sonho constante.
Um sonho constante de que em um salto do mais alto tronco, chega-se até àquela estrela que faz clarão na noite. Na certeza de que se o sonho é cultivado com esmero, ainda que o salto não alcance, a estrela descerá num instante e brindará aos seres utópicos com um terno beijo. No alto, mais alto… céu aberto… face a face com a eternidade.
Pode mesmo parecer a imagem do caos, pode parecer sem ordem, sem começo ou fim… sem direita ou esquerda, sem em cima, tampouco embaixo.
Não é bem isso, mas quase…
…ainda que, se te permites ver em detalhe, talvez uma imbricada e bela sensação de origem do mundo possa lhe tocar. Como se todo o caos, internamente fosse ordenado segundo o mistério que rege as supernovas, os buracos negros, os meteoros, as nebulosas...
No Macaco a ordem se diverte, já não faz sentido e já não é necessária, ele desfaz a ordem, desorienta e reorienta. Nele o pulo que às vezes sobe o galho outras se lança no abismo, já não está preocupado com as questões humanas, com as emoções, se envolve com os mistérios do Universo, gostaria de desvendá-los, se possível sem ter que tocar nas emoções…
mas não é possível.
E o mundo emocional será em realidade seu grande desafio, o que vai lhe custar horas de estudo, trabalho, lapidação e estratégia. Para todo o restante seu corpo, sua mente e seu espírito são bastante ágeis e de aprendizado fácil.
O Macaco rege o horário de 15h às 17h, esse em que está a Bexiga. Ela é a senhora das possibilidades, se observamos o canal energético da Bexiga e seus pontos de acupuntura vemos que é o maior dos canais e não só pelo número de pontos, mas também pela amplitude de possibilidades que acessamos através dele.
Acessamos o corpo físico e a forma de cada órgão, acessamos a funcionalidade de cada órgão e ainda, como se isso fosse pouco, acessamos o psiquismo de todo o corpo, tudo ali, em um canal só. O Macaco é assim também, um ‘sem fim’ de possibilidades, uma multiplicidade de criações.
Ainda que não pareça, sua natureza real é o Metal e de polaridade Yang, um metal feito espada com função de cortar, limpar, desintoxicar. A maior engenhosidade dele é encerrar o que não pode seguir, o que é tóxico, o que fere a vida, começando por dentro. E claro, nesse trabalho precisa de muito cuidado, pois com uma espada na mão por vezes pode confundir cortar o que é tóxico para si com cortar-se.
Se a Cabra chega com a arte e a fama de artista, o Macaco chega com a engenhosidade e a fama de arteiro. Carrega consigo muito movimento, necessita do movimento, tanto físico quanto mental.
Na realidade não faz parte de seu dom o ficar parado, é em movimento que ele desvenda as roldanas e alavancas do mundo, em movimento é que vai compreendendo os mistérios. E esse movimento é curvo, cíclico. É importante recordar-se disso, para não se entediar e também para ter calma quando algo que pensou que havia resolvido, resolva retornar.
Ao Macaco resta desenvolver a mesma curiosidade por si que tem pelo mundo, o mesmo desejo de investigação e cuidado.
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