Animais Emblemáticos e Astrologia Chinesa.
Lebre

Lá no leve sopro do vento
Alimento ‘deveras’ é a beleza
Num campo aberto onde faz-se a harmonia
Faz-se a melodia
Se arranja a vida em arte de conciliação.
Onde mora o não?
Em outra casa por certo,
Aqui o talvez vira visto verso.
Que não é testemunho da indecisão
Mas do constante decidir tornar-se comunhão.
A Lebre dentre os 12 Animais Emblemáticos é aquele que guarda e se responsabiliza pelo bem viver, pela conciliação e pela arte de conviver. Seu horário é de 5 às 7h da manhã, quando nasce o Sol, quando brota a primavera. O órgão que rege esse horário é o Intestino Grosso, por essa razão ele, com sua capacidade de separar, restituir, deixar sair, eliminar é quem harmoniza a Lebre e oferece a ela os recursos de convivência harmoniosa que ela precisa.
Sua natureza é a Madeira, Madeira Yin no caso, essa que corre por dentro, que brota flexível e sutil, que nasce no interior, se fortalece e depois aparece. Por isso o bem viver da Lebre, diferente de viver bem, acontece desde dentro. Sua primavera é interior, seu nascer do sol também. Estar bem consigo é o fundamento de sua arte e para isso será incansável na busca de recursos, possibilidades, escapes, fugas, mudanças, amenizações… não faltam possibilidades e invenções quando se trata de estar bem consigo, antes de tudo.
A Lebre, que mora nesse nascer do dia, nessa passagem sutil entre noite e dia, entre água e fogo tem consigo também duas naturezas, uma natureza vista, social, de circulação e uma natureza muito íntima, interna que habita sua toca. A toca da lebre é um espaço reservado, muitas vezes só a ela mesma, em outras vezes até ela esquece de habitá-lo e passa a conviver somente com uma face sua também. Em alguns momentos nem a Lebre sabe de seu verso, de seu avesso.
Há nela o cultivo da convivência e das relações humanas, a ideia de que é possível viver fora do conflito. O conflito, em geral a assusta e muitas vezes é para evitá-lo que ela deixa de habitar sua toca, deixa de tocar sua face avessa, para não ver seus próprios conflitos, em alguns momentos as Lebres podem optar por não ver-se e não conhecer-se nos lugares mais profundos.
Estão sempre buscando o melhor, o melhor alimento, o melhor trabalho, o melhor lugar, o melhor descanso… não quer dizer que estejam nele, mas são conhecedoras do paraíso e sabem que ele existe, por isso ainda que sejam muito capazes de se adaptar a qualquer situação necessária, tem em mente que existe algo melhor que o local que elas habitam e vão forjando possibilidades de chegar até lá. Compartilham dentro do mesmo ser, uma satisfação constante e uma eterna insatisfação, que são justamente esse balanço fino entre a realidade que vivem e o paraíso que querem viver.
Como Madeira Yin estão ligadas ao Fígado ele é quem diz de sua natureza, de sua criatividade, a capacidade regenerativa, sua necessidade de movimento, seja físico ou artístico. É nesse movimento e em sua fluidez que o Fígado oferece e resguarda o sangue no corpo, esse que carrega consigo a força do espírito. O Fígado também está conectado ao que se chama Alma Hun, ou Alma Etérea essa está ligada a nossos sonhos, à conexão com o inconsciente, com a noite e como eles, sonhos, inconsciente, noite passam a habitar e reger o tempo diurno, consciente oferecendo-lhe recursos preciosos.
Além disso, como dissemos, a Lebre é harmonizada pelo Intestino Grosso e suas funções, o que quer dizer primeiro que muitas desarmonias na saúde das pessoas que têm Lebres em seus mapas podem aparecer através do Intestino Grosso. Seja fisicamente falando ou em suas funções psíquicas, anímicas de desapegar, deixar ir, deixar sair, saber cortar, encerrar, dizer não, pôr ponto final, reger o trânsito gastrointestinal. Esses são alguns dos desafios a nível emocional da Lebre.
Dragão

Quem diria, quem diria
Que em terras tão concretas
Um Dragão desceria?
Não cuspiu fogo
Mas certamente trouxe consigo sua semente
A semente do Fogo
Princípio da fantasia
Casa do extraordinário.
Não é todo dia que se vê um Dragão por aí.
Não é todo dia.
Seu dia, certamente é de fantasia.
No Dragão a primavera se guarda, ele guarda consigo toda a sabedoria da Madeira, mas sua natureza é de Terra Yang, como o Estômago esse mago do cotidiano capaz de transformar, transmutar todas as coisas. No nosso Estômago os alimentos entram, chegam com sua natureza própria e lentamente vão sendo convencidos, entre ácidos, líquidos, enzimas digestivas e microorganismos a se transformarem em nós, deles o estômago vai extraindo os elementos necessários para manter e construir nossa forma. O segredo das formas mora no estômago e também no Dragão e como quem sabe tudo sobre as formas, pode escolher ter a forma que quiser.
Dragões são indefiníveis, podem escolher a forma, o psiquismo, a apresentação que quiserem e isso faz parte de sua fantasia. Podem ser grandiosos ou pequeninos, serão a manifestação do sonho que tiverem.
Também tem a responsabilidade de digerir e dar formas às emoções e situações, precisam ter ácidos, enzimas e sistema digestivo apurados para elas. Seu horário é o início da manhã, entre 7h e 9h, hora em que também rege o Estômago quem tem portanto dupla influência sobre ele.
Formar e transformar, formar e transformar são os encantos desse Animal Emblemático. É um conhecedor da pureza do coração das crianças, sabe que é de lá que provém a magia maior, a maior das alquimias, a sabedoria de fazer ouro. É por isso também um protetor das crianças, um guardião, porque no fim das contas somente elas chegam a lhe compreender por inteiro. Quanto ao restante do mundo podem ser bastante pessimistas, dependendo do quanto seu pessimismo se confirma podem beirar a rabugice.
Como são tanto Estômago é com ele que precisam ter maiores cuidados com a saúde, a saúde física do estômago, do sistema digestivo e a nível mais etéreo a capacidade de digerir situações, emoções, são fundamentais para que os Dragões sigam seus caminhos me paz, sem dores, queimações, incômodos, paralisações. Perder a capacidade de digerir é perder a capacidade de transformar e inclusive de dar forma a seus sonhos, sem isso eles perdem seu sentido.
Fazer com que o Estômago seja o materializador de seus sonhos, da certeza que habita em seu Coração é a cicatrização de suas feridas, confiar nessa certeza de Coração e trazê-la à relação com os demais, confiando que será possível que lhe entendam, pois em todos, todas e todes ainda habita um criança que tenha olhos de ver beleza.
Um segundo cuidado é com a sensação de onipotência que os toca vez em sempre e que em muitas dessas faz com que se sobrecarreguem, com que intencionem carregar o mundo sobre as costas e que não saibam pedir ou aceitar auxílio e ajuda.
Nos olhos dos Dragões nós viajamos ao céu, não dá pra dizer que sejam olhos distantes, mas são aqueles nos quais encontramos sempre um pouquinho das nuvens, seja de sua névoa ou de sua delicadeza.
Serpente

Precipitou-se das densas nuvens um fio de água
Desceu dos céus à terra, fez-se rio.
Ondulante curso de vida
Serpenteou.
Chegou suavemente intenso.
Lembrando sem dúvida o som da voz da Eternidade
E a perfeição fez-se em terra
Pois se assim era, aqui também será
A ondulação da coral cor de fogo
Lembra o calor como caminho de retorno.
E sabe que retornará
Como uma oferenda sagrada
No cotidiano lapidada
Na arte de amar.
A Serpente é a senhora da sabedoria, sua natureza é de Fogo Yin, o calor mora dentro dela e é ela quem conhece o Coração como local de verdade, de sabedoria e de discernimento.
Ela habita cosmologias ao redor do mundo como o animal que estava no princípio, que compartilhou o princípio e muitas vezes como o animal que manifestou o princípio. Até o RNA e DNA essas moléculas que carregam consigo a sabedoria de todas as coisas e dizem como tudo será, tem forma de serpente.
Com elas não mora só o saber do que está, mas esse que vem desde o princípio dos tempos, o saber do que foi, do que é e do que será, tudo está registrado no coração, não dá Serpente, mas no coração que é a Serpente.
Seu horário é entre 9h e 11h da manhã, tempo coordenado pelo Baço-pâncreas, ele é quem recorda a ela a força da distribuição. A distribuição da quintessência, essa alma que anima a tudo. Saber e distribuir, distribuir, oferecer é o trabalho da Serpente ou facilmente se converte em possessiva, controladora, com a sensação de que saber é controlar e em realidade não é, saber também é recordar que tudo está fora do controle.
Por sua ligação com o Baço-pâncreas ela está conectada também a Chong Mae, um canal que é chamado de maravilhoso em nossa estrutura energética. Chong Mae entrelaça-se nas fáscias, rege todo o corpo desde o tecido que o conecta, rege também toda a sensualidade que habita o corpo em seu mover-se curvo. Seja no corpo físico, seja no corpo das ideias, o encanto mora com as Serpentes, enquanto elas rastejam sinuosas vão gerando encanto.
E rastejar também é um elemento importante para conhecê-las, pois significa que conhecem e se apropriam do mundo a partir do próprio corpo, como um ser que come o mundo constantemente e por vezes com muita intensidade e necessidade de comer tudo de uma vez só, sem pausas, sem esperas, sem tempos de intervalo. Pois comer, conhecer e saber é sinônimo de sobreviver, saber-viver.
O mais precioso da Serpente é recordar que seu saber provém do Coração, ele é o órgão que a rege, por ser Fogo Yin. O que ela conhece é desde esse lugar espiritual, essa força anímica que habita tudo que vive e por essa razão ela tem a precisão de saber onde fere e onde cura, onde dói e onde alenta. Como ela usa esse saber é parte de sua escolha cotidiana.
A arte de viver é que conduz a serpente à certeza do coração, sua criatividade, sua capacidade de gerar e encontrar recursos infinita também precisa ser por si, aprender em sua arte sinuosa a cuidar-se, a querer-se a comer-se. A serpente que morde seu rabo, se come e se digere, chega ao princípio sagrado, àquele segredo velado que ela busca tanto conseguir fora e sem dúvida é seu coração, quando comê-lo, verá que é imenso e ele a comerá, a caberá.
Comments